Valumbrosius
Anos 30: Extração da Madeira
O trem
Estação de Piquerobi - SP
Nasci no interior do Estado de São Paulo, na cidade de (link) Piquerobi, em 1937. À época e até meados de 1950 era uma região produtora de algodão, café, amendoim, milho - atividades de agropecuária e havia ainda alguma madeira, pois, tinha lá uma serraria onde eram fabricados os subprodutos da madeira, para construção de casas, móveis e outras inúmeras aplicações.
A madeira acabou-se e a serraria um dia os moradores da cidade acordam e são surpreendidos com ela a arder envolta em fogo e fumo.Queimou-se! Muitos choros e lamentos, muita gente desempregada! Como queimou, como aconteceu, qual teria sido a origem do fogo...? Nunca soubemos! Daquele instante em diante o que ficou foi só a sua imagem do passado.
Belas lembranças no registro das mentes que viveram seu tempo. Eu fui uma delas. Os que vieram depois nunca souberam o que já tinha existido naquele sitio. Não é da cultura brasileira cultivar a memória do passado. Museu aqui é em geral sinônimo de ajuntamento de coisas velhas, e não um registro do passado histórico, um repositório de lições e ensinamentos vivos, a ser consultado pelos que vem depois, para que não se repitam êrros cometidos no passado.
A partir daí as atividades na região agrícola acabou por ficar quase que exclusivamente com criação de- gado.Nada de plantações.
Recordo-me ainda de minha infância, que o nosso divertimento na cidade era correr até a linha do trem da Estrada de Ferro Sorocabana para vê-lo passar. Isto se repetia no mínimo duas vezes ao dia com trens de passageiros e por incrível que pareça as nossas emoções e nossos encantos eram renovados simplesmente ao ver o trem passar. A locomotiva a vapor era o encanto. A sua pujança, a sua força! Uma grande pedra colocada sobre o trilho tornava-se pó à sua passagem! O seu mecanismo fascinante O seu apito era o anúncio de sua aproximação. Não podíamos perder nunca o “espetáculo” de sua passagem.
Quantas vezes eu me vi conduzindo aquela locomotiva e puxando ao seu apito anunciando a sua passagem! Ficou só na vontade... Imaginava-me sendo visto por todos! Nunca tive esta oportunidade. Coisas de crianças!
Esta imaginação tinha a ver com o alto “status” - que a situação poderia conferir-me! Achava o máximo ser o condutor do trem.
Isto faziam as crianças, porque as moçoilas casadoiras faziam o “footing” no páteo da estação olhando os rapazes que estavam no interior do trem. Por trás desse comportamento existia sempre a esperança de alguém se engraçar por alguém e voltar à cidade em alguma festa e travar um conhecimento mais de perto.
Um dia aconteceu algo que foi o supro-assumo dos acontecimentos para a minha cabeça de criança.Eu morava na última casa dos operários da serraria. Comecei a escutar sucessivos estrondos e me perguntei o que poderia ser aquilo. Vi que o ruído produzido vinha na direção da linha da estrada ferro. Corri até próximo do local e pude apreciar algo que ao mesmo tempo era amedrontador e estimulante de se ver.
Um vagão cheio de tambores de gasolina estava ardendo em fogo e de vez em quando depois de uma explosão um daqueles tambores voava bem alto e estatelava-se ao chão, esparramando ainda mais o combustível. Era o prazer de ver o espetáculo pirotécnico, era o prazer de ver a viola em caco!
Hoje penso que o equivalente daquele prazer era o mesmo que se sente hoje quando um monte de carros de fórmula Um - chocam-se, arrebentam-se todos,voa caco pra todo lado mas ninguém sai ferido.
É.. nós humanos somos basicamente os mesmos em todos os tempos...
Luiz Netto-
Nasci no interior do Estado de São Paulo, na cidade de (link) Piquerobi, em 1937. À época e até meados de 1950 era uma região produtora de algodão, café, amendoim, milho - atividades de agropecuária e havia ainda alguma madeira, pois, tinha lá uma serraria onde eram fabricados os subprodutos da madeira, para construção de casas, móveis e outras inúmeras aplicações.
A madeira acabou-se e a serraria um dia os moradores da cidade acordam e são surpreendidos com ela a arder envolta em fogo e fumo.Queimou-se! Muitos choros e lamentos, muita gente desempregada! Como queimou, como aconteceu, qual teria sido a origem do fogo...? Nunca soubemos! Daquele instante em diante o que ficou foi só a sua imagem do passado.
Belas lembranças no registro das mentes que viveram seu tempo. Eu fui uma delas. Os que vieram depois nunca souberam o que já tinha existido naquele sitio. Não é da cultura brasileira cultivar a memória do passado. Museu aqui é em geral sinônimo de ajuntamento de coisas velhas, e não um registro do passado histórico, um repositório de lições e ensinamentos vivos, a ser consultado pelos que vem depois, para que não se repitam êrros cometidos no passado.
A partir daí as atividades na região agrícola acabou por ficar quase que exclusivamente com criação de- gado.Nada de plantações.
Recordo-me ainda de minha infância, que o nosso divertimento na cidade era correr até a linha do trem da Estrada de Ferro Sorocabana para vê-lo passar. Isto se repetia no mínimo duas vezes ao dia com trens de passageiros e por incrível que pareça as nossas emoções e nossos encantos eram renovados simplesmente ao ver o trem passar. A locomotiva a vapor era o encanto. A sua pujança, a sua força! Uma grande pedra colocada sobre o trilho tornava-se pó à sua passagem! O seu mecanismo fascinante O seu apito era o anúncio de sua aproximação. Não podíamos perder nunca o “espetáculo” de sua passagem.
Quantas vezes eu me vi conduzindo aquela locomotiva e puxando ao seu apito anunciando a sua passagem! Ficou só na vontade... Imaginava-me sendo visto por todos! Nunca tive esta oportunidade. Coisas de crianças!
Esta imaginação tinha a ver com o alto “status” - que a situação poderia conferir-me! Achava o máximo ser o condutor do trem.
Isto faziam as crianças, porque as moçoilas casadoiras faziam o “footing” no páteo da estação olhando os rapazes que estavam no interior do trem. Por trás desse comportamento existia sempre a esperança de alguém se engraçar por alguém e voltar à cidade em alguma festa e travar um conhecimento mais de perto.
Um dia aconteceu algo que foi o supro-assumo dos acontecimentos para a minha cabeça de criança.Eu morava na última casa dos operários da serraria. Comecei a escutar sucessivos estrondos e me perguntei o que poderia ser aquilo. Vi que o ruído produzido vinha na direção da linha da estrada ferro. Corri até próximo do local e pude apreciar algo que ao mesmo tempo era amedrontador e estimulante de se ver.
Um vagão cheio de tambores de gasolina estava ardendo em fogo e de vez em quando depois de uma explosão um daqueles tambores voava bem alto e estatelava-se ao chão, esparramando ainda mais o combustível. Era o prazer de ver o espetáculo pirotécnico, era o prazer de ver a viola em caco!
Hoje penso que o equivalente daquele prazer era o mesmo que se sente hoje quando um monte de carros de fórmula Um - chocam-se, arrebentam-se todos,voa caco pra todo lado mas ninguém sai ferido.
É.. nós humanos somos basicamente os mesmos em todos os tempos...
Luiz Netto-
Conheça um pouco de Piquerobi - SP - Vídeo
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